domingo, 1 de setembro de 2013

Terra infértil

Quis um dia cultivar o amor
Em terra infértil nada encontrei,
Mas plantei, reguei
E cheia de esperanças me prontifiquei.
Prontifique-me a regar ate a terra fértil ficar.

Mas da terra infértil nada pode nascer;
Nem mesmo a esperança de um coração florescer.
Coração em terra infértil não sobrevive
Terra infértil é terra vazia, de ninguém.

Se o dia da colheita não chegou
Nada mais posso plantar.
Com coração partido recolho as ferramentas
E vou para estrada
Com a certeza de terra fértil encontrar.
E a terra fértil a ferida ira cicatrizar.
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Noite

É durante à noite que as palavras brotam no coração e se transformam nos mais profundos pensamentos. É durante à noite que podemos finalmente libertar tudo o que é realmente bonito em nós

Sobre o perdão

O perdão é genuíno. Quem perdoa simplesmente perdoa e ponto. Não existe essa história de perdoar, mas não esquecer. De perdoar, mas desejar que Deus faça sua justiça. De perdoar, porém, de alguma forma castigar. Não existe essa hipocrisia toda

Mãos entrelaçadas

Eu ainda rezo em silêncio para que suas mãos estejam sempre entrelaçadas com as minhas. Assim como quando iniciamos a nossa história. Quando desenhávamos os traços do nosso futuro, quando olhávamos para o mesmo lugar, para o mesmo horizonte. Eu quero que continuemos assim. E não importa se os dados nos fizeram andar dez casas para trás ou passar a vez. Faz parte do jogo. Essas são as regras. Mas se estivermos juntos, sempre juntos, chegaremos lá.

Nossa profissão em crise terminal?



Eu confesso que sempre fui apaixonada por jornais e revistas. Talvez por influência do meu pai que tinha o hábito de ler. Na infância, passava horas, aos domingos, folheando o Estadinho, o suplemento infantil do jornal Estado de S. Paulo. Enquanto saboreava aquelas páginas ficava observando meu pai lendo as páginas destinadas aos adultos. Admirava a forma como ele dobrava as folhas sem amassá-las e dizia a mim mesma que, quando eu me tornasse uma leitora adulta, iria ter a mesma habilidade. Ainda na pré-adolescência tornei-me leitora assídua da revista Carícia, a publicação que deu origem, anos mais tarde, à revista Capricho. Lembro-me como se fosse hoje das matérias sobre comportamento, que eram as minhas preferidas e que ajudaram muito a ampliar a minha visão de mundo recém-saído do universo infantil e deliciosamente limitada. Sentia um vazio enorme quando terminava de ler a revista e tinha que esperar até o próximo mês pela próxima edição.
Foi por causa da Carícia e dos jornais de domingo que comecei a sonhar com a profissão de jornalista. Nessa época, eu tinha apenas 12 ou 13 anos; ficava imaginando por horas como seria uma redação. Como seria escrever as matérias que eu lia. Meu pai, sabendo desse meu sonho, levou-me na redação da revista Caminhoneiro, onde meu tio era editor na época. Fiquei maluca com as máquinas de escrever em cima das mesas enfileiradas em uma sala enorme. Naquele dia, disse ao meu tio que gostaria de ter a profissão dele quando crescesse. Acho que ele não botou uma fé. Só passou a mão em minha cabeça e respondeu: “quando entrar na faculdade, me procura para conversarmos sobre a profissão”.
Dez anos se passaram e adivinhem: entrei na faculdade de Jornalismo. A maioria dos colegas queria rádio e TV, mais televisão. Eu ainda sonhava com revistas e jornais. No quinto semestre passei a visitar meu tio na redação do extinto jornal Gazeta Mercantil. Ia geralmente aos domingos, mas antes escrevia um e-mail com as seguintes palavras: “tio, você tem plantão esse domingo? Quero sentir cheiro de jornal”. Ele prontamente me dava uma resposta positiva. Naquelas tardes ficava observando todos os detalhes da rotina, o jeito que meu tio conversava com os outros jornalistas. Ouvia histórias engraçadas de homens e mulheres inteligentes. Eu babava de tanta admiração. Ah, como eu queria fazer o que eles faziam. Como eu amava redação. E pensava: um dia, um dia vou sentir cheiro de jornal todos os dias. Um dia serei como eles. Um dia farei parte da rotina de uma revista. Um dia quem sabe...
Esse dia chegou. E depois que comecei nunca mais interrompi minha jornada. Nem mesmo durante o período de licença a maternidade, quando fazia ao menos uma matéria por mês. Sentia medo de ficar enferrujada ou de perder a mão. Pedia a Deus que jamais me privasse de escrever. Que jamais me afastasse desse mundo.
Outro dia eu estava fazendo as contas e em nove anos de carreira colaborei para pelo menos 12 títulos diferentes em esquema de freelancer. Dos mais variados assuntos, porém, meus pés sempre ficaram fixados no setor automotivo, mais especificamente na área de transporte que é uma herança do meu tio ( que Deus tenha esse ser humano brilhante!).
Há dois anos, passei a trabalhar do outro lado do balcão e hoje me vejo cada vez mais envolvida com a comunicação corporativa. A vida deu uma reviravolta em um momento oportuno. Desde quando passei a atuar como assessora de imprensa, só tenho ouvido notícias ruins sobre as redações. Colegas inseguros, anúncios cada vez mais escassos e demissões...muitas demissões. A última notícia de que a Abril fechou quatro títulos e dispensou mais de 100 funcionários deixou-me um pouco sem chão. Será o fim de uma indústria? Será que nós jornalistas de revista e de jornal estamos vivendo uma realidade que está com os dias contados? Como sobreviver a tudo isso ? O que fica são: a dúvida, o medo e a esperança de que essa indústria não se acabe, mas que se reinvente de alguma forma. Afinal de contas, ainda mora em mim aquela mesma menina que sonhava em trabalhar em jornais e revistas. E mesmo que, de certa forma, esteja afastada do dia-a-dia de uma redação, não posso aceitar que, em breve, haverá um fim... 

O que Ruth me ensinou sobre a amizade



A lição mais importante que tive sobre a amizade aconteceu quando eu tinha apenas 11 anos e cursava a quinta série do ginásio (que hoje equivale ao sexto ano do ensino fundamental). Havia em minha sala uma menina que eu gostava e admirava muito. Sabe aquele tipo de pessoa que você senta para conversar e nem vê o tempo passar? 
Aquele tipo de pessoa que te faz sorrir por qualquer besteira e você se sente leve e em paz? Era assim que eu me sentia quando estava ao lado de Ruth. Fazíamos trabalhos juntas, dividíamos os nossos lanches e, à noite, ela ainda me ligava para conversar um pouco mais...era sempre um prazer ouvi-la.
Ruth era nerd e tinha um nariz avantajado. E isso era motivo para ser vítima de bullyng das outras crianças.
Eu ficava incomodada com tudo aquilo, mas não defendi minha amiga. Teve um dia em que eu até engrossei coro da classe, xingando-a de Tamanduá Bandeira. Vi que as outras crianças a deixavam de lado e eu passei a fazer isso também. Eu ficava triste, mas não dava o braço a torcer. Queria parecer legal aos olhos dos outros “amigos”.
Foi então que, Ruth, muito sábia, com alma doce, aplicou-me uma lição. Seguiu-me durante o recreio e me deu uma figurinha de chiclete com os seguintes dizeres: “Sinto sua falta”. Aquilo foi um murro na minha cara. Mesmo ainda sendo uma criança, me senti um ser humano pequeno e desprezível. Chorei. Chorei muito... mas Ruth ajudou-me a ser uma pessoa melhor. Nos abraçamos. Foi emocionante.
Daquele momento em diante, não abandonei mais minha amiga e passei a defendê-la todas as vezes que alguém a ameaçava com insultos. Foi assim até que mudamos de escola. Cada qual seguiu seu caminho e eu nunca mais a vi e também não tive notícias. Uma pena...
O que Ruth me ensinou? Amigo é aquele que te enxerga, apesar dos seus defeitos. No fundo, ela sabia que eu não era aquela pessoa horrorosa que estava tentando ser e me resgatou. Me salvou de todas as formas que alguém pode salvar um amigo. Ela enxergou o que sou de verdade por trás das máscaras e das minhas fraquezas.
Enxergar o outro além das aparências é ser nobre. É estar preparado para ser amigo de verdade. E, quantas vezes depois, eu, mais velha, fui intolerante com outros amigos que fiz ao passar dos anos? Mas a lição de Ruth sempre ficou em meu coração. É por isso que muitas vezes perdoei injustiças. Consolei pessoas as quais não falava mais. Fui atrás. Pedi desculpas e perdoei quem me caluniou, quem chegou ao ponto de ficar íntimo de pessoas que me querem mal só para me afrontar.
Mas, ao refletir sobre tudo isso, cheguei a conclusão de que Ruth só me resgatou porque sabia que eu valia a pena. Que nossa amizade era recíproca. Já eu, querendo levar a lição da minha amiga adiante, forcei a barra acreditando que iria encontrar outras Ruths por aí. Mas não é assim. Ruths são peças raras nesse mundo. E é por isso que amigo a gente conta nos dedos de uma mão.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012


E de repente aprendi
Não sei onde é o ponto final
E quando será o fim
A vida é breve, por isso não pode ser ruim

Pode até parecer óbvio
Mas não é
Se não sei quando será o fim
Preciso saber a receita para ser feliz.

Nas asas da felicidade quero embarcar
E ser feliz até o fim chegar.
Que esses dias sejam de sol
Que os sonhos permaneçam vivos
E que a força não apague as chamas
E que as chamas estejam ali, vivas até o fim...